Destaques


Turmas online recebem Luísa Geisler para papo exclusivo

Nesta terça-feira, 31 de outubro, os alunos do Curso de Formação de Escritores foram contemplados com mais uma edição do Papo de Escritor, desta vez a presença da premiada escritora Luisa Geisler. Luisa nasceu em Canoas, em 1991. É escritora, tradutora, mestre em Processo Criativo pela National University of Ireland e doutoranda na Universidade de Princeton (EUA) no departamento de espanhol e português. Escreveu Luzes de emergência se acenderão automaticamente (2014), De espaços abandonados (2018) e Enfim, capivaras (2019). Com o projeto coletivo Corpos Secos (2020), venceu o Jabuti em 2021. Foi também vencedora do Prêmio Açorianos de Narrativa Longa e do APCA de Narrativa Infanto-Juvenil, além de duas vezes vencedora do Prêmio SESC de Literatura. Tem textos traduzidos em mais de quinze países.

A autora iniciou comentando sobre não ser boa com pessoas e sobre a dificuldade de falar em público na juventude, mas o fato de não ser a pessoa mais inclinada à oralidade, a torna mais autêntica em suas respostas e colocações. O resultado disso é um papo que é uma verdadeira aula, e os alunos, inclusive, questionaram se Luísa não teria 80 anos diante de tanta sabedoria quando se trata de escrita e de ser escritora.

O encontro perpassou pela trajetória de Luísa desde o primeiro Prêmio SESC de Literatura (e um pouco antes disso) até o doutorado nos EUA, relembrando momentos marcantes, bons e ruins, como quando sofreu censura com sua obra “Enfim, capivaras”, até seu processo criativo e os questionamentos dos ouvintes atentos.

A autora revelou que antes de “tudo”, sempre foi muito leitora, e a vontade de escrever se deu por querer escrever o que lia, criar e contar histórias. A ideia de publicação, no entanto, surgiu após participar da Oficina do escritor Luiz Antônio de Assis Brasil: “A partir da oficina do Assis eu passo a questionar qual texto é para mim e qual texto é para o outro”. No auge de seus 18, 19 anos, e com seu livro de estreia, “Contos de Mentira”, Luísa ganha seu primeiro Prêmio SESC: “Eu não existia e passei a existir como escritora”.

No ano seguinte, no mesmo concurso, Luísa repete a dose e ganha o prêmio de melhor romance com “Quiçá”, feito inédito até hoje. Ao ser questionada pelos alunos sobre o viabilizou o sucesso da autora - seria Luísa diferente de nós, meros mortais? – ela de cara, e com sinceridade, atribuiu a questão a uma certa camada de privilégio em relação a seus estudos e de poder, de fato, se dedicar a escrita; mas, principalmente, revela o quanto é “obsessiva” com o seu trabalho: “Mexo muito, releio muito, conheço muito os meus padrões. Mais reescrevo do que escrevo”.

Em relação à coleção de prêmios e às oportunidades de estudo no exterior, Geisler revela “ser uma metralhadora”: você deve se inscrever em todos os concursos, aplicar para todas as universidades, mandar originais para as editoras: “tem que começar [mesmo que] quebrando a cara”. Luísa diz sempre ter dito muita facilidade com escrita e com línguas, um certo dom, mas que prefere ser cabeça dura do que depender dessa faculdade.

Seu processo criativo, tanto para conto como para romance, envolve saber o final. A autora gosta de criar prazos para si mesma por não confiar muito no “vou escrever tantos caracteres hoje”. Além disso, Luísa é fã da constância, escreve pelo menos trinta minutos por dia: “Acho importante ter uma rotina diária de escrita”, diz, para manter a conexão, manter o projeto, e entende ser necessário “priorizar aquilo que só eu posso fazer, que é escrever”, completa.

voltar